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Neste Breviário encontraremos
uma declaração de propósitos da Esquerda Lacaniana. Aquela que não renuncia a
democracia, nem a destrói antes de sua reinvenção. Uma democracia que começa
pelo comum, como lugar da língua e do coletivo de modo a impedir a captura do
Estado pelo neoliberalismo e sua psicologia da autoestima, da resiliência e dos
afetos. Para além do sujeito responsável, trata-se de enfrentar o racismo como
núcleo duro da ideologia e de reencontrar o que Lacan chamou de “homem de
verdade”, encarnado no tipo social do agitador revolucionário, do escritor de
estilo e do pensador que renova o ser. A indiferença em matéria de política não
é indiferença ao político como ato que institui o comum.
Sim, o
neoliberalismo rechaça o amor, ainda que nem sempre o amor faça barra ao
neoliberalismo. Especialmente nos força a amar antes a nós mesmos e ao supereu,
do que ao outro em primeiro lugar, respeitando a solidão do comum de alíngua.
Para esquerda lacaniana a luta não é contra a psiquiatria materialista, mas
contra a psiquiatria neoliberal, que extrai mais-valia de sofrimento dos
processos de colonização da subjetividade, das zonas de guerra nas periferias
do mundo e se empenha em justificar consumidores como trabalhadores gratuitos,
funcionais e produtivos.
Lacan não é um
autor do fim da história. Ele nos ajuda a recusar a escolha entre um
capitalismo democrático de direitos humanos e um capitalismo autoritário de
estilo chinês ou russo. Neste livro o leitor não encontrará, como de costume,
uma antropologia histórica culturalista, que torna as ideias lacanianas
imediatamente palatáveis para a nova crítica.
A psicanálise
não é uma antropologia cultural ou histórica, por isso também o recalque
inconsciente não equivale a repressão social. Não é derrogando o Édipo que vai
se alterar o mecanismo psíquico do poder, no máximo privar de ancoragem
necessária para a resistência contra a deriva infinita da língua. Psicanálise e
marxismo partilham um universal difícil, tão necessário quanto impossível.
Universal materialista, sem complexos imperialistas ou eurocentrados, não
redutíveis à mundialização do capitalismo.
Não há nada de
fundacionismo militante na Esquerda Lacaniana porque no seu horizonte o
programa inaugural da psicanálise acabou. Seu trabalho fundante terminou,
restando apenas reverberar sua descoberta. Saber perder sem ficar derrotado é o
primeiro passo para não servir a nenhum Outro.
CHRISTIAN
DUNKER
Jorge
Alemán é um psicanalista, escritor e filósofo incomum daqueles que aparecem de
tempos em tempos—como Slavoj Zizek—com um estilo acessível e provocador que
explora de forma direta e didática como os discursos políticos moldam o desejo,
a identidade e o inconsciente social, propondo novas formas de pensar a
emancipação/resistência e o alcance do que chamamos a era do capitalismo
globalizado. Amor; machismo; políticas de gênero; linguagem inclusiva; abordam
parte significativa do repertorio de conceitos-chave que usamos no cotidiano
para captar as circunstâncias sociais e subjetivas que implicam como podemos
entender a economia, a política as relações sociais e amorosas.
Inserido
fortemente na tradição lacaniana, o autor analisa os mecanismos subjetivos que
sustentam as ideologias dominantes e os processos políticos contemporâneos, com
especial atenção ao pano de fundo das tensões do neoliberalismo, sendo uma voz
ativa nos debates sobre o papel da subjetividade e da linguagem nas dinâmicas
políticas atuais, combinando uma sólida base teórica com um profundo
compromisso com a crítica social.
Como
um ensaio em pequenas formas de estilo extremamente agradável e conciso, o
livro pode ser lido por blocos temáticos, conceitos específicos ou
aleatoriamente, pois qualquer que seja a forma de entrada, o leitor ao final
perceberá que o texto possui uma unidade própria.
Embora
pareça um lugar-comum em apresentações de livros, essa é, sem nenhuma dúvida,
uma leitura indispensável para compreender as forças psíquicas e ideológicas
que atuam nas sociedades modernas no momento em que caminhamos para um quarto
do Século XXI, para enfrentar os desafios pessoais e coletivos que nos desafiam
hoje e nos próximos anos.
JOÃO
ANGELO FANTINI
Professor,
escritor e psicanalista
João Angelo
Fantini – professor, escritor e psicanalista, com pós-doutorado no Birkbeck
College (University of London). Autor e coautor de Bem-estar na
Cultura: consumo de satisfações? (EDUSP, 2023); As Escritas do
Ódio (Escuta, 2018), Raízes da Intolerância (Edufscar,
2014-Finalista Prêmio Jabuti); Imagens do Pai no Cinema – Clínica
da Cultura entre outros; além de jornais e revistas acadêmicas é
editor da Revista Leitura Flutuante da PUC – SP.
Autor(a) | Jorge Alemán |
Tradutor(a) | Oscar Cesarotto |
Nº de páginas | 148 |
ISBN | 978-65-5519-244-5 |
Altura | 15,5x22,5 cm |