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Vencedor
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Prêmio Jabuti (Poesia)
“As coisas automatiza a aprendizagem visual. Sem radicalizar na sua proposta, Arnaldo Antunes interpreta pictografias, transforma palavras em desuso e rearranja significados. Há sons, cores e formas insinuando o que as palavras não dizem.”
Anna Kelma Gallas
Arnaldo brinca com as coisas
Terceiro livro de Arnaldo Antunes, depois de Psia e Tudos, As coisas é bastante diferente dos outros dois: é um livro para crianças — ou pelo menos para uma criança, Rosa, a filha que comparece com desenhos e como musa fértil de uma agradável, divertida e interessante aventura de texto/prazer.
Arnaldo Antunes, independentemente de juízos de valor, se filia a uma área da cultura contemporânea — não só no Brasil, mas aqui também, e bem — que é o passeio pelos interstícios de repertórios "altos" e "médios" e o trânsito por territórios diversos da criação.
O Arnaldo que se apresenta em As coisas é um autor evidentemente marcado pela experiência da paternidade e entregue a sinuosidade da lógica infantil.
As coisas é uma coleção de textos que, em comum, trabalham com a graça dos paradoxos tão próprios da poeticidade da linguagem infantil — e da "infantilidade" da linguagem poética: "Neto e neta são netos no masculino. Filho e filha são filhos, no masculino. Pai e mãe são pais, no masculino. Avô e avó são avós". Ou: "Mulheres tem dois peitos. Os homens tem um peito só". Ou: "Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia. Mas tudo cabe numa palavra, nesta palavra tudo".
[...] É inegável que estamos diante de uma sensibilidade de artista, de uma personalidade interessantíssima e de uma imaginação livre, aberta, produtiva que trabalha para a elevação não para a mediocrização do ambiente cultural no Brasil.
Marcos Augusto Gonçalves