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O concerto de Gigli se passa no início dos anos 1980, em Dublin, no “consultório” de JPW King, um psicanalista charlatão inglês. As oito cenas da peça mostram as sessões entre o “médico” e o Homem Irlandês, ambos de meia-idade e em crise. Movido pela obsessão de cantar como o tenor italiano BeniaminoGigli, o Homem Irlandês procura King a fim de se submeter a um tratamento para alcançar seu objetivo.
A coleção Tom Murphy, publicada em quatro volumes, é composta das peças Um assovio no escuro (1961); O concerto de Gigli (1983); Bailegangaire (1985); e Trilogia de Alice (2005).
O concerto de Gigli é considerada por muitos como a obra-prima de Tom Murphy. E talvez seja, dentre as peças do dramaturgo, uma das que mais se afaste das preocupações às vezes apontadas como centrais em sua obra: a Irlanda do oeste e a emigração. Encenada pela primeira vez no Abbey Theatre, em 1983, O concerto de Gigli se passa nos anos 1980, em Dublin, em um "consultório" que é também a moradia de JPW King, um psicanalista charlatão inglês.
A peça retrata o relacionamento entre dois personagens masculinos, ambos em crise: JPW King e o Homem Irlandês. Este, um homem de negócios bem-sucedido que, movido pela obsessão de cantar como Beniamino Gigli, o tenor italiano, procura King, a fim de se submeter a um tratamento para realizar seu desejo. A obra de Murphy está imbuída da música como componente central do teatro, e a capacidade de transcendência em O concerto de Gigli se revela justamente por meio da música.
Beatriz Kopschitz Bastos
TOM MURPHY nasceu em 23 de fevereiro de 1935, em Tuam, Condado de Galway, Irlanda, e morreu em Dublin, em 15 de maio de 2018, aos 83 anos de idade. Mais jovem de uma família de dez filhos, ele presenciou a emigração gradual de seus irmãos para Birmingham, na Inglaterra. Sozinho com a mãe, Murphy começou a trabalhar na fábrica de açúcar local e, mais tarde, tornou-se professor de metalurgia. Iniciou sua carreira como dramaturgo no final da década de 1950 e, ao longo dos anos, trabalhou junto ao Abbey Theatre, em Dublin, e ao Druid Theatre, em Galway.
Murphy é doutor honoris causa pelo Trinity College Dublin e pela National University of Ireland Galway. Em 2013, recebeu a Medalha Ulysses, a maior honra do University College Dublin.
Vencedoras de muitos prêmios, as peças de Tom Murphy já foram encenadas, além de na Irlanda, sua terra natal, no Reino Unido e em vários países da Europa, América do Norte e do Sul.
Seu trabalho se caracteriza por um experimentalismo na forma e no conteúdo, e seus temas recorrentes incluem o oeste da Irlanda e a emigração; a busca por redenção e esperança; violência; niilismo e desespero — sem perder de vista a presença do riso, do humor e a possibilidade de amor e transcendência.