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Contos da Selva, este novo livro de contos infanto-juvenis do uruguaio Horacio
Quiroga (1878-1937) – que agora se junta ao pioneiro Cartas de um
caçador, também lançado pela Iluminuras – nos alegra pelo prazer da
novidade. Porque são contos de uma selva conhecida, mas pouco contada, a nossa.
São os jacarés argentinos do Rio Paraná, a tartaruga gigante amiga do diretor
do Zoológico de Buenos Aires, a abelhinha malandra de algum lugar das selvas
latino-americanas. Animais que vão passando diante de nossos olhos curiosos,
cujas histórias se somam às das onças pintadas em guerra com as arraias de
fogo, dos filhotes de quati que cruzam fronteiras proibidas para conhecer os
filhotes de homem. Os Contos da Selva capturam nossa atenção
porque contam as história dos animais que viveram e vivem nas matas
latino-americanas. Mas não é só a nacionalidade do bicho que faz a maravilha do
livro.
Contos da Selva é também um livro de fábulas, e a fábula, como o leitor sabe, é
aquela história universal e atemporal, onde bicho e homem conversam, e
que ensina algo ao menino leitor e à menina leitora. Mas e quando a
fábula é contada pelo grande contista Horacio Quiroga, o que acontece? Então a
fábula fica menos carrancuda, menos moralista, e a lição é heterodoxa. O que
Quiroga ensina, por exemplo, é que não basta ser uma formiguinha trabalhadora
ao invés de uma cigarra cantora, mas que é preciso sim ser uma abelhinha
malandra, como o leitor verá no último conto do livro, e que é preciso ousar.
Nos outros contos, o que se aprende é algo ainda mais sutil, que não se resume
numa frase, e que deverá ser meditado ao longo dos anos: o menino e a menina
que lêem os Contos da Selva descobrem o prazer de
conviver e a dor de perder (em História de dois filhotes de quati e dois
filhotes de homem); aprendem a pensar na necessidade e na dificuldade das
guerras (A guerra dos jacarés), na força das parcerias (A travessia do
Yabebirí), e no valor da astúcia (A abelhinha malandra). Mas, além de tudo
isso, descobrem que a moral humana não se resume a uma frase de efeito posta no
fim de uma fábula, e que a melhor literatura, como a literatura de Horacio
Quiroga, ensina não só com o que diz, mas no como diz, no que sugere, e no que
cala, para que o próprio menino possa pensar. Bem vindos à selva!
Wilson Alves-Bezerra
Autor(a) | Horacio Quiroga |
Tradutor(a) | Wilson Alves - Bezerra |
Nº de páginas | 128 |
ISBN | 978-85-7321-269-3 |
Formato | 16x23cm |