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Para George, forma significa criação, princípio, pressuposto, essência mais profunda da criação. A forma forja a obra.
Gottfried Benn
Stefan George nunca duvidou que seu destino era ser poeta, no sentido mais estrito, autor de poemas, como Klopstock, Hölderlin, Rilke. Para ele a poesia é o ponto mais alto que alguém pode atingir.
Ernst Klett
É um acontecimento oportuno e feliz o aparecimento da tradução brasileira do Crepúsculo de Stefan George, com a força portentosa de sua palavra poética, palavra fecundante e transformadora que atravessa séculos e milênios.
Dora Ferreira da Silva
Stefan George, poeta maior do simbolismo alemão, conviveu com a poesia francesa e se tornou herdeiro de Mallarmé. Seus versos compactos e musicais inovaram a poesia alemã, inspirando a Arnold Schöenberg o dodecafonismo. A um só tempo delicado e irascível, George é um poeta premonitório e demoníaco. Sua poesia pode ser agora apreciada pelos leitores da língua portuguesa graças ao empenho e à persistência de Eduardo de Campos Valadares. Intuindo “a cor do estranho”, como dizia Alexander von Humboldt, Eduardo Valadares produziu um trabalho notável, que respeita o poeta e a sintaxe de sua poesia, seus ritmos áspero-doces e sua música, composta de imagens de ruas e rios, ares e mares, montes e vales. A presente recriação da obra de George é fruto de audácia, fidelidade e independência e, acima de tudo, de uma congenialidade rara entre poetas. É nítida aqui a busca de uma “versão idiomaticamente equivalente”, como exigiu de si Rainer Maria Rilke ao traduzir a poesia do amigo Paul Valéry. Como leitor bilíngue e tradutor da literatura brasileira e portuguesa para o alemão, especialmente Guimarães Rosa, confesso que fiquei surpreso com as ousadias, descobertas e invenções da versão brasileira. Trata-se de uma formulação inovadora dos versos de George, que faz reviver sua magia sedutora. As rimas em português acabam gerando uma versão densa, calorosa e rica em sua multiplicidade de expressão. Esta coletânea reúne o que há de melhor na poesia georgiana. Ela certamente permitirá aos leitores participar de um fascinante diálogo com o poeta e sua poesia. Poesia renovada e revigorada com sensibilidade e talento pelo tradutor brasileiro, cuja curiosidade amorosa conduz à busca do outro, o valde aliud, para além de fronteiras geográficas, linguísticas e temporais. Mais do que o impecável rigor formal alcançado, este é, a meu ver, o sentido maior desta travessia.
Curt Meyer-Clason