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*LIVRO VENDIDO NO ESTADO.
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Um trabalho inédito de Amélia Toledo é, via de regra, surpreendente, ainda mais por se tratar de um livro, o seu primeiro. A soma dos anos só fez alargar o campo de atuação dessa artista conhecida por sua obra plural no campo das artes visuais. Amélia transita com igual desenvoltura da pintura de ateliê à produção industrial, da fatura artesanal de jóias à realização de grandes projetos em espaço urbano. E toda essa bagagem não lhe pesa. Ao contrário, a torna livre para ousar no campo da escrita.
Por volta de 1995, começou a escrever as aventuras do Juca. Um pedregulho, um seixo, um caco de montanha que, em sua vida rolante, rolara por montes e vales até chegar ao Brasil.
“Parece que, no fundo do Juca, algo o fazia saber que o Brasil teria muita importância em sua vida. Sim, porque, afinal, ele era sósia (mais ou menos clone) do Saci-Pererê, só que o Saci pulava numa perna só, e o Juca andava rolando...”
Essa linguagem me fez lembrar Macunaíma, a genial criação de Mário de Andrade.
O tom oral da narrativa, a cadência produzida pelas reiterações, a mescla do real ao maravilhoso, o uso frequente do diminutivo, tão típico do falar brasileiro, o tom brincalhão de algumas passagens, tudo isso é próprio da rapsódia de tradição popular, do mito. “O mito é uma fala”, dizia Barthes. Ao contar as peripécias do herói, Amélia nos ensina a ver o mundo.
Entre uma exposição e outra, em meio à complexidade da implantação dos projetos públicos, Amélia arranjou tempo para terminar o livro que vem a ser publicado por iniciativa da F/Nazca em cooperação com a Galeria Nara Roesler. Essa parceria incomum retoma a histórica interface de arte e publicidade. A edição é um presente. É leitura que foge à mesmice. É estória para ser lida pelos pequenos e comentada por gente grande.
Maria Alice Milliet
Amélia Toledo nasceu em São Paulo, em 1926. Frequentou o ateliê de Anita Malfatti no fim da década de 30; estudou desenho, pintura e modelagem com Yoshiya Takaoka e Waldemar da Costa nos anos 40 e trabalhou com desenho de projetos no escritório de Vilanova Artigas.
Em 1958, em Londres, cursou a London County Council Central School of Arts and Crafts. Lecionou em várias universidades de artes e arquitetura do país desde os anos 1960, quando participou do processo de formação da Universidade de Brasília onde obteve de mestre em artes. Nos anos 90 realizou o projeto cromático e de acabamento da estação Arcoverde do metrô do Rio de Janeiro.
Em 1999, executou a obra Caleidoscópio na estação Brás do metrô de São Paulo. No ano 2000 a Galeria de Arte do SESI apresentou uma grande retrospectiva de sua obra, que nos anos seguintes foi realizada no Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis (2006), Museu de Arte Contemporânea – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza (2007) e Museu Oscar Niemeyer, Curitiba (2008), incorporando obras que foram criadas durante este período.
Entre as obras públicas realizadas por Amélia Toledo incluem-se também a programação cromática da pintura dos viadutos do Complexo Viário João Jorge Saad (Cebolinha) e o piso da praça Dom José Gaspar, em São Paulo.