Seu carrinho está vazio.
Assim como um organismo pode adoecer, definhar, porque em sua química falta um determinado elemento, uma matéria de vida, uma vitamina, da mesma maneira talvez nossa economia de vida, o organismo de nossa sociedade esteja necessitando urgentemente justo deste algo indispensável, deste elemento Schiller.
Thomas Mann
Friedrich Schiller (1759-1805) é “um dos exemplos relativamente raros de um grande poeta e dramaturgo que, ao mesmo tempo, alcançou expressão própria no campo da filosofia”. Essas palavras, com as quais Anatol Rosenfeld abria, em 1963, sua apresentação às reflexões de Schiller sobre o belo e a arte, dão bem a medida da importância e do alcance da obra deste pensador que participou ativamente de um dos períodos mais fecundos da história da literatura e da filosofia alemã.
Seus ensaios teóricos e críticos, dos quais A educação estética do homem é, ao lado de Poesia ingênua e sentimental sem dúvida um dos mais significativos, situam-se naquele ponto de inflexão entre o classicismo de Weimar e o romantismo, tal como concebido por Friedrich Schlegel e Novalis; despontam, como os escritos destes, no horizonte daquilo que se convencionou chamar, talvez um tanto genericamente, de “filosofia pós-kantiana”.
A partir de uma tradução que busca ser fiel ao tom ensaístico e ao encadeamento rigoroso da argumentação, este volume procura, através de indicações das fontes da reflexão estética de Friedrich Schiller, aproximar o leitor brasileiro de uma visão daquilo que seria a originalidade do pensamento do autor, tentando, em detrimento das supostas “dívidas” para com seus predecessores ou de supostos “prenúncios” de seus sucessores, evitar equívocos como o de considerá-lo como um mero elo na corrente de ideias que vai de Kant a Hegel. Este é também o caminho que tem feito a historiografia mais recente, que, fugindo de todo tipo de anacronismo, em que Schiller ora aparece como um “filho menor” do sistema kantiano, ora como um “quase hegeliano”, tem privilegiado a investigação que visa ressaltar a “expressão própria” do texto schilleriano.