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Estação dos bichos: mosquito passarinho
abelha morcego cão mosca cobra gavião
galo cavalo grilo garça mariposa lagartixa
peixe condor libélula vaga-lume vaca gato
esquilo cigarra andorinha periquito;
tantos bichos para todas as estações;
todos os bichos para cada estação;
estação: parar para pausar, esperar para
continuar; ir para pousar; vir para ver;
estação dos ciclos do ano; estação de todos
os tempos e temperaturas; estação de cada
bicho em seu tempo de ser; estação de cada
bicho em seu lugar de estar;
e ainda a estação dos versos: cada palavra
abre silêncios para a pausa de um olhar;
cada verso vê imagens que nascem da voz
da poesia; cada haikai vai além e traz para cá,
pertinho de cada um de nós, uma presença:
presença dos bichos que nos animam,
dos bichos que nos dão alma, da poção bicho
que em nós cada clama por humanidade;
e cada vez que lemos as imagens
que vemos das palavras que nascem
dos haikais: outras naturezas de ser
de cada bicho estacionam em nós;
e assim habitamos a nossa natureza;
a estação de tantos e de todos e de cada
um dos bichos nos ampara;
os haikais em pingue-pongue de Alice Ruiz S
e Camila Jabur – com saber e com sabor –
se aproximam de nós para depois partir
para outra estação de infindáveis paisagens;
somos passageiros!
Edith Derdyk
ALICE RUIZ S
Curitibana, mas vive em São Paulo.
Já é avó, mas não abre mão da alma de menina.
Tem o Sol em Aquário, mas a assinatura astral é Libra.
Considera-se ambiciosa, mas só tem uma ambição: viver de poesia.
Vive para as ideias, mas não aceita o título de intelectual.
Trabalha muito, mas produz melhor na preguiça.
Defende a verdade, mas faz poesia de ficção.
Nunca quis ser professora, mas dá aulas de haikai.
Já ganhou alguns prêmios literários, mas diz que o maior é seu nome de haijin.
Publicou 17 livros, mas ainda não publicou seu favorito que é sempre o próximo.
Adora viver sozinha, mas prefere trabalhar em parceria.
Faz letras de música, mas queria ser cantora.
É casada com a palavra, mas tem um caso com a música.
Livros publicados pela Iluminuras: Desorientais, Conversa de passarinhos, com Maria Valéria Rezende, Dois em um e Jardim de Haijin.
CAMILA JABUR
Nasceu no dia 9 de agosto de 1972, em Jardinópolis, interior de São Paulo. Era noite de lua nova.
Desde que se conhece por gente ama as plantas, os bichos e as estrelas.
Quando tinha 12 anos, acometida por um relâmpago, compreende que Deus é a Natureza, e que a Natureza é o Mistério sendo, e que tudo isso é Poesia. Nunca mais se recupera desse relâmpago.
Aos 15 se apaixona pelo vento e pela astrologia, porque a poesia sempre esteve lá. Desde então, dedica-se a eles. Estuda anos a fio psicologia e depois se forma em filosofia na USP. Hoje dá aulas para grupos de estudo de astrologia e atende em seu consultório.
Aos 19 encontra-se com o haikai, como com um velho amigo que ela não conhecia, mas que, na hora certa, apareceu. E junto com o haikai, encontrou Alice.
Em 1991, escreve Hé-haikais em parceria com Alonso Alvarez. Em 1992, ganha o 7º Encontro Brasileiro de Haikai e participa com um postal nos 30 Postais Poéticos, projeto do Centro Cultural São Paulo, junto com outros grandes poetas brasileiros. Em 2010, trabalhando em outros livros seus de haikais, reencontra Alice, velha amiga... e este livro ganhou vida.