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ETERNIDADE CONFORME OS ASTROS, A

AUGUSTE BLANQUI

  • R$ 69,00

Compreende-se que, em nossa tese, o homem não se intitula ao infinito, não mais do que os animais e as coisas. Em si mesmo, ele não passa de um efêmero. É graças ao globo em que vive que ele tem direito a um quinhão da infinidade do tempo e do espaço. Cada um de nossos sósias é filho de uma Terra, ela mesma sósia da Terra atual. Fazemos parte do decalque. A Terra-sósia reproduz exatamente tudo o que se encontra na nossa, e, por conseguinte, cada indivíduo, com sua família, com sua casa, quando a tem, todos os eventos de sua vida. É uma duplicata de nosso globo, invólucro e conteúdo. Não falta nada. 

O que escrevo neste momento numa cela do forte de Taureau, eu escrevi e escreverei através da eternidade, numa mesa, com uma pluma, com uniforme, em circunstâncias similares.

Auguste Blanqui 

A eternidade das penas do inferno talvez tenha privado a antiga ideia do eterno retorno de seu ângulo mais terrível. Põe a eternidade dos tormentos no lugar ocupado pela eternidade de uma revolução sideral.

Walter Benjamin

 

Auguste Blanqui nasceu em 1805 e morreu em 1881. O movimento revolucionário do século XIX é incompreensível sem estudar a sua figura e atualizar, com perguntas renovadas, suas indagações sobre essa particular modulação do tempo que chamamos eternidade. E, nesse sentido, também recebe Blanqui a apostura de um pensamento capaz de interrogar por inteiro os legados ideológicos com que contamos nos inícios do século XXI. Com maior ou menor razão, Blanqui costuma ser considerado como antecedente das teorias de partido político desenvolvidas décadas depois pelo leninismo. O texto que agora publicamos, mais que desmentir essa asserção, a insere noutra dimensão, em que haverá de conviver com os requerimentos mais dramáticos em torno da pergunta sobre a ideia do tempo, do infinito, da morte e do cosmos que possuem os revolucionários. No breve tempo dos sempre lembráveis acontecimentos da Comuna de Paris, Blanqui permaneceu preso no forte de Taureau. Seus anos de prisão foram muito longos. Blanqui é o grande preso político do século XIX, como Gramsci o foi no século XX. Permaneceu 37 anos na prisão, pelo que, na lenda revolucionária da Europa insurrecional, foi chamado de L’Enfermé, o Enclausurado. Em 1871, no ano da Comuna, é que escreve A eternidade conforme os astros, do qual muitas vezes tem se dito que antecede o “eterno retorno” de Nietzsche. A influência de Blanqui sobre a obra posterior de Walter Benjamin é notória, e foi Benjamin quem fez dele uma personagem central de sua obra Passagens. Na Argentina, esta obra de Blanqui não passará despercebida para Borges, que a tem presente em sua História da eternidade.

Horacio González

Autor(a) Auguste Blaqui
Tradutor(a) Marcio Seligmann-Silva
Nº de páginas 136
ISBN 978-85-7321-580-9
Formato 20,5x13,5 cm

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