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Simbólico, Imaginário e Real: Os trinta artigos reunidos neste livro desenvolvem, de múltiplas maneiras, os registros destacados pela leitura lacaniana da obra de Freud. Os enlaces das dimensões habitadas pelos seres falantes configuram realidades, individuais e/ou coletivas; da clínica ao mundo, do pessoal ao coletivo, as inconsciências – psicanálise, semiótica, cultura material – são suportes teóricos de pensamentos singulares.
É possível ser original quando os mestres disseram quase tudo? Bem, teria sido no horizonte das suas respectivas épocas, atentos à subjetividade de então... Hoje? No presente contínuo de futuros passados, depois de mais de um século de psicanálise praticada, teorizada e aplicada, a cultura dita globalizada instrumenta invasivos chamarizes do desejo sem os pudores de antigamente. A onipresença das mídias, do berço ao túmulo, confirma que o Outro existe de fato, como uma instância superior de sugestão e massificação. O politicamente correto marca o espírito destes tempos, que demandam criatividade dispensando frivolidade, que já tem de monte.
Oscar Cesarotto ousa ir além do trivial, trançando e tramando articulações inéditas. A marca do estilo, o signo do gozo, sua assinatura tipográfica – & –, denominada ampersand, é o desejo decidido de juntar e amalgamar os diversos saberes e as experiências adquiridas ao longo dos anos. No timing certo, retoma agora o texting para expor ideias, não apenas lacanianas, como as próprias, de punho e letra, pulso e lavra, abracadabra.
O que esperar de alguém nascido no mesmo dia que Amadeus Mozart e Lewis Carroll? Rock‘n‘roll? Sim, a cegonha trouxe Nick Mason, baterista do Pink Floyd, também na data marcada. Distinto, o autor deste livro, psicanalista renascentista, consegue assobiar afinado e contar histórias conceituais com muita graça, sem nunca perder o ritmo, na harmonia dos matemas e mitemas, lendo com acuidade as partituras de Freud e Lacan, com mestria, tocando de ouvido na escuta flutuante.
Michel Durand