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PAULO LEMINSKI

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A inesgotavelmente luxuriante opulência do imaginário grego é um prodígio (mais rico só o catolicismo).

Não há, nem de longe, paralelo em outras culturas de proliferação tão próspera de lendas, fábulas e mitos, ficcional e poeticamente acabados.

Mal conseguimos, nós, descendentes deles, distinguir entre a história real e a mitológica dos helenos. Aquiles, filho de Tétis, é personagem histórico ou figura de fábula? Ulisses, realmente existiu?

O Olimpo, morada dos doze deuses, é uma montanha real da Grécia.

Talvez só os egípcios tenham produzido e desenvolvido imaginário tão fecundo em módulos poético-narrativos, de tamanha plasticidade.

Mas o imaginário egípcio não é parte da nossa civilização.

Quem sabe o imaginário hindu seja tão (ou mais) rico. Mas a Índia é invenção de navegadores ingleses dos séculos XVIII e XIX.

Que sabemos do imaginário asteca, inca ou babilônio?

O que interessa é que o imaginário grego, isso que chamamos, grosseiramente, de “mitologia grega”, é porção integrante, substantiva, da civilização ocidental, dos romanos até hoje.

Literariamente, essa imensa máquina imaginária atravessou viva a Idade Média, reacendeu no Renascimento italiano e sobreviveu impávida, até o romantismo europeu do século XIX, quando começa seu processo de esquecimento. De Homero a Goethe, passando por Dante e Shakespeare, numa linha ininterrupta, durante mais de dois mil anos, o imaginário grego foi o primeiro alimento do poeta ocidental culto, seu software de fantástico, referencial de imagens, delírio compartilhado.

A magia desse imaginário não se fez sentir apenas sobre poetas. Seu herói favorito, confessou Marx à sua filha, era o titã Prometeu, criador de homens, ladrão do fogo do céu, gigante que ousou desafiar a ira do Pai dos Deuses e assumiu o martírio por amor à humanidade (alguma coisa de Jesus em Prometeu, o Titã crucificado no Cáucaso, donde foi resgatado por Hércules, outro amigo da humanidade).

A fábula mitológica tem a força de um ideograma chinês. Concentra em traços a figura de um sentido contra o fundo do sem sentido.

Nietzche flagrou na alma grega as duas tendências “apolíneas” e “dionisíacas” que Spengler, na Decadência do Ocidente, multiplicou em três almas, a apolínea (greco-latina), a mágica (cristã-islâmica) e a fáustica (germânico-europeia)...

Quando Freud precisou de um nome para a atração filho-mãe, encontrou o mito de Édipo pronto.

Impulso prometeico. Alma apolínea. Complexo de Édipo. Narcisismo.

Os gregos parecem ter imaginado todo o imaginável.

 

Paulo Leminski

 

PAULO LEMINSKI, nasceu em Curitiba, Paraná, em 24 de agosto de 1944 (Virgo). Mestiço de polaco com negro, sempre viveu no Paraná (infância no interior de Santa Catarina). Publicou: Catatau (prosa experimental), em 1975, Curitiba, edição do autor. Não Fosse Isso e Era Menos / Não Fosse Tanto e Era Quase e Polonaise (poemas, 1980, Curitiba, edição do autor). Publicou poemas, com fotos de Jaque Pires, no álbum Quarenta Cliques. Curitiba, 1979, Curitiba, ed. Etcetera. Foi professor de História e Redação em cursos pré-vestibulares, diretor de criação e redator de publicidade. Colaborou para o Folhetim da Folha de S. Paulo e resenhava livros de poesia para a Veja. Poemas e textos publicados em inúmeros órgãos (Corpo Estranho, Muda, Código, Raposa etc.) de Curitiba, São Paulo, Rio e Bahia. Teve seus primeiros poemas publicados na revista Invenção, em 1964, então, porta-voz da poesia concreta paulista. Faixa-preta e professor de judô, viveu em Curitiba com a poeta Alice Ruiz, com a qual teve duas filhas. Foram publicados pela Brasiliense Cruz e Souza (Encanto Radical), 1983, Caprichos e Relaxos (Cantadas Literárias), 1983, Matsuó Bashô (Encanto Radical), 1983, e Jesus a.C. (Encanto Radical), 1984. Faleceu em 1989.

 

 

Autor(a) Paulo Leminski
Introdução Eduardo Jorge de Oliveira
Apresentação Alice Ruiz S
Nº de páginas 152
ISBN 978-65-5519-230-8
Formato 14x21 cm

Autores

PAULO LEMINSKI

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