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O livro Na Lata reúne os poemas escritos entre 1978 e 2013 por Frederico Barbosa, um dos poetas brasileiros mais atuantes das últimas décadas. Traduzindo a tendência à fragmentação e à dispersão da cultura contemporânea, esta obra foi publicada originalmente em veículos diversos: livros, jornais, revistas, sites, blogs, e redes sociais. Assim, o livro Na Lata – Poesia Reunida torna possível ao público leitor encontrar pela primeira vez em um só volume toda a produção do poeta, espalhada, ao longo destes trinta e cinco anos, em tantos meios e locais diferentes.
Considerado por Haroldo de Campos um “poeta dos mais expressivos de sua geração, pelo sentido construtivo e gume crítico de seus poemas” e colocado por Antonio Candido “entre os verdadeiros poetas da sua geração”, Frederico Barbosa não organizou sua poesia completa da maneira tradicional, dividindo-a de acordo com os livros em que primeiro apareceram, respeitando a sua cronologia. O poeta levou em consideração que muitos dos seus poemas jamais apareceram em quaisquer dos seus oito livros, o que tornaria difícil encaixá-los em organização que tomasse como base os livros anteriores. Assim, misturou-os todos e os dividiu em blocos temáticos, procurando jogar uma nova luz sobre cada poema individual.
Informa-nos o poeta na sua apresentação do livro: “Anula-se, assim, qualquer perspectiva de progressão temporal e é ressaltado o diálogo entre os diversos poemas, mesmo se escritos com um lapso de mais de trinta anos. Acrescente-se que muitos dos poemas passaram por retoques ou revisões completas e, assim, justifica-se plenamente a frase com que abro esta apresentação: este é um livro inédito. Os poemas podem ser antigos, mas o livro é novo e sua organização será novidade até mesmo para os raros leitores que já conhecem todos os livros anteriores.”A ambiguidade do título, Na Lata, traduz tanto o método de organização do livro: misturando tudo “na lata” e depois separando os poemas de forma diferente, quanto o conceito que Frederico Barbosa tem divulgado nos últimos anos, de que poesia é a palavra-impacto, é uma composição construtora de efeitos. É a linguagem organizada da forma mais meticulosa possível para fazer sentir, pensar, ser. Ou seja: dizer “na lata”, “sem papas na língua”, e tentar acertar os alvos, as metas, mesmo que inatingíveis.“Nas palavras deste poeta cabem muitas coisas belas e intensas. Vale a pena percorrer seus círculos.” Assim encerra sua apresentação de Na Lata a grande crítica Leyla Perrone-Moisés. Já o professor de Yale, Kenneth David Jackson, considera que “Na Lata revigora a poesia paulistana com desvario, sátira, concisão e invenção -- com sentidos em rotação.” Segundo a professora Susanna Busato, “Em nove partes o livro se desdobra. Cada uma delas se quer unida por um tema. Mas inútil esse esforço por dividir as rotas de nossa leitura, pois elas se entrelaçam. Nossos “aquis” estão em muitos “alis”, em seu livro. A sequência dos poemas vai construindo uma coerência interna ao livro. Uma arquitetura gráfica que se inscreve em cenas e dilemas. Poesia sem solução. Ironia que adensa a escritura como possibilidade de abismar-se a cada página.” Círculos, rotação, abismo. Qualquer que seja a metáfora, a marca é a de uma poesia viva, que faz sentir e ser: Na Lata.
FREDERICO BARBOSA
Professor de literatura, organizador de oficinas de criação poética e crítica literária, performer de poesia e gestor cultural, publicou oito livros de poesia como Nada Feito Nada (1993, Prêmio Jabuti), Brasibraseiro, em parceria com Antonio Risério (2004, Prêmio Jabuti), e SigniCidade (2009), além de diversas antologias e obras didáticas. Por esta casa, lançou Rarefato, em 1990 e Contracorrente, em 2000. Foi curador da primeira biblioteca temática de poesia do país, a Alceu Amoroso Lima, em São Paulo. É Diretor da Casa das Rosas desde a sua reinauguração como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura em 2004. Fundou e, entre 2008 e 2010, foi diretor executivo da Poiesis – Organização Social de Cultura, que, durante a sua gestão, administrou a própria Casa das Rosas e o Museu da Língua Portuguesa, reformou e reestruturou a Casa Guilherme de Almeida, instalou a Biblioteca de São Paulo no Carandiru e iniciou a recuperação das Oficinas Culturais do Estado de São Paulo. É colunista da Rádio Estadão com o quadro Poesia Viva e, a partir de 2012, membro do Conselho Curador do Prêmio Jabuti, da CBL.