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Mais do que um remake, No olho do Outro é uma versão pós-lacaniana do artigo que Freud escreveu em 1919, "O sinistro". Por ser Hoffmann o exemplo paradigmático, são destacadas algumas chaves para a Compreensão do seu universo, junto com uma série de ideias sobre as questões freudianas, além da apresentação do Sandman, o mestre dos sonhos. Na interseção de vários discursos, o presente trabalho aponta O sentido exato a ser dado à literatura psicanalítica nos dias de hoje.
Como o sonho, a literatura é uma realização de desejos, e o cinema, mais ainda. O princípio do prazer costuma se deliciar com as criações plenilúnicas da imaginação. Mas, o que acontece com os pesadelos, os contos de espanto, os filmes de terror? Que tipo de estranha satisfação provocam estas formações apócrifas do inconsciente? Como entender que calafrios e arrepios também contribuem, mesmo que de maneira paradoxal, para aquilatar os infortúnios do gozo? Quais seriam as causas daquele sentimento tão familiar e sempre alheio que, às vezes, ou até com frequência, aperta a alma como uma mão de pedra?
Procurando respostas, Freud estendeu os confins do seu discurso ao se aventurar no campo da reflexão estética, na interpretação de um conto de E. T.A. Hoffmann, "O Homem da Areia". A partir desta conjunção intertextual, foram traçadas as coordenadas teóricas que definem o sinistro, o afeto psicanalítico por excelência, descrito com precisão por este autor. Versátil personalidade do romantismo alemão, foi escritor, músico e desenhista. A posteridade guarda seu nome em função da sua produção literária, exclusivamente dedicada ao gênero fantástico. Nas suas páginas, para além de qualquer sensatez, a maravilhança dos fatos relatados deixa entrever, de forma magistral, essa "outra cena" inquietante que rege o destino dos personagens, siderados e alienados.
Tamanha inventiva, entretanto, não poderia prever como, mais de um século depois, o "Homem da Areia" acabaria transformado no Sandman, o mestre dos sonhos, a criatura que o roteirista inglês Neil Gaiman forjara para azarar a insônia Contemporânea e as consciências pesadas da pós-modernidade.
Por isso, quando as pálpebras se fecham, o corpo amolece, e o processo primário toma conta da economia libidinal, todo cuidado é pouco, porém, inútil. Ele virá, não há dúvida, e jogara você, leitor desprotegido, no olho do Outro...
Oscar Cesarotto é psicanalista, autor de Um affair freudiano (1989), co-autor de Jacques Lacan — Uma biografia intelectual (1993)e organizador de ldéias de Lacan (1995), todos publicados pela Editora Iluminuras.