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Este volume apresenta para o leitor brasileiro uma amostra significativa da literatura argentina após o boom dos anos 60, que consagrou internacionalmente nomes como o de Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Ernesto Sábato. São 15 autores que durante as décadas seguintes definiram tendências e estilos dentro do âmbito narrativo daquele país. Alguns, como Ricardo Piglia e Jorge Asís, já são conhecidos do público e da crítica. Outros são publicados pela primeira vez em português. Uma oportunidade para conhecer o que há de mais significativo na literatura argentina.
O denominado boom da literatura latino-americana e o processo político e cultural que direciona esse fenómeno no começo dos anos 60 foi, sem dúvida, Importantíssimo para as letras do continente. Seu efeito imediato consistiu em chamar atenção Internacional para a originalidade e o vigor de uma literatura considerada até então periférica, mero reflexo retardatário das literaturas centrais.
No campo cultural Interno — o latino-americano —, além do sucesso de vendas, a produção literária dos anos 60 deixa marcas profundas na literatura posterior. Mas há quase três décadas de boom se torna necessário assinalar certas distinções entre essa produção e a mais atual, a que alguns críticos denominam narrativa do pós-boom.
Os escritores mais jovens — aqueles que apenas começavam a publicar no final da década de 60 ou aqueles que escreveriam as suas obras fundamentais nos dois lustros seguintes —sentem já a urgência de diferenciar a sua obra da anterior, preocupados talvez, e com justa causa, com os estereótipos da crítica, que tende a reduzir toda a literatura continental da atualidade a dois ou três modelos que são, exatamente, os que se ajustam à poética dos anos 60.
(...) A clareza que confere a distância possibilita, inclusive, perceber os cortes que o boom operou no campo literário latino-americano e a medir a arbitrariedade dos mesmos. César Aira, na sua análise da literatura argentina, lança uma provocação que, interpretada como gesto, é altamente significativa: “siempre he pensado que si los escritores de la década de 60 hubieran tomado como modelo a José Bianco, en lugar de tomar Cortázar podria haber sido mejor”. Ao optar pelo modelo proposto por Cortázar, explica Aira, optou-se por nosso imaginário francês. A Surpreendente opinião deste escritor que começa a publicar na segunda metade dos anos 70 adquire todo o seu sentido se é vinculada com o que foi a articulação interna do boom na Argentina e sua configuração no desenvolvimento da literatura nacional.
(...) Durante a década de 70, publicam suas primeiras obras muitos autores que integram a presente antologia. São eles César Aira, Diogo Angelino, Jorge Asís, May Lorenzo Alcalá, Jorge Manzur, Blas Matamoro, Leonardo Moledo, Pacho O'Donnel, Alicia Steinberg. A uma longa lista de títulos se somariam, nos primeiros anos da década seguinte, obras importantes destes narradores e de outros, que eram apenas conhecidos durante os anos 60.
Silvia Inés Cárcamo