Carrinho

Seu carrinho está vazio.

O PAÍS QUE AGORA CHAMAVAM DE SEU

SAÚL SOSNOWSKI

  • R$ 69,00

Como pensar o pertencimento, isto é, nosso modo de estar no mundo, quando uma história familiar de migração perturba a relação com o lugar em que nascemos? Que passado nos pertence quando a cartografia das origens se dispersa? Que língua nos expressa quando as vozes do entorno se diversificam? Que cultura nos identifica quando as tradições se tornam plurais e persistem alheias ao território?

Sem pretender respostas definitivas, em O país que agora chamavam de seu, o escritor argentino Saúl Sosnowski indaga sobre a singularidade dessa experiencia. Com uma escrita aprazível, de ritmo pausado e emoção contida, o romance — que deixa transparecer um viés autobiográfico — acompanha o processo pelo qual o personagem principal tenta reconstruir uma memória familiar disgregada pelas escolhas individuais de migração, mas também e sobretudo pelas guerras e os conflitos políticos que, no século XX, desviaram os destinos dos sujeitos e dos povos. Adensada pela diáspora ancestral do povo judeu, essa memória familiar um tanto esquiva só pode vislumbrar-se de forma fragmentária nos discretos relatos dos que migraram da Europa para América Latina ou algum outro destino, na peculiar economia que marca o uso quotidiano de mais de uma língua (idish, hebraico, espanhol ou polonês), na persistência de rituais domésticos e comunitários que singularizam uma cultura ou, ainda, na sobrevida de alguns poucos objetos que resistiram aos deslocamentos e as perdas. Trata-se, portanto, de uma memória familiar dispersa que, embora não impeça a continuidade da vida no novo território, persiste como resto nas sucessivas gerações e insiste em marcar, como diz Jean-Luc Nancy, que o estrangeiro é aquele que não cessa de chegar.

Sabemos que o deslocamento, sob qualquer uma de suas figuras (viagem, exílio, diáspora, nomadismo, etc.), alimentou o imaginário da literatura ao longo dos tempos, no entanto, é possível afirmar que a experiência histórica do século XX, marcada pela violência das guerras e as intolerâncias de diferente ordem, demandou das escrituras ligadas ao trânsito uma indagação ética sobre a relação com o outro que trabalhasse em favor da coexistência plural das culturas. A essa linhagem literária filia-se esse último romance de Sosnowski que, embora no seu gesto memorialístico permita suspeitar dos vínculos com a vida do autor, não deixa de se abrir à especulação ficcional acerca de um mundo que, não necessariamente sem tensões, coloque em valor as experiências fundadas no contraponto cultural.

 

Ana Cecilia Olmos

 

Sobre o autor

Reconhecido e premiado por seus trabalhos acadêmicos, Saúl Sosnowski (Buenos Aires, 1945) publicou livros sobre Cortázar, Borges e a Cabala (Perspectiva), escritores judeus-argentinos, fascismo e nazismo nas letras argentinas e ensaios reunidos em Cartografía de las letras hispanoamericanas: tejidos de la memoria (Prêmio “Ezequiel Martínez Estrada”, Casa de las Américas); editou ou coeditou 17 volumes e é autor, também, de quase uma centena de artigos. Professor de Literatura e Cultura Latino-Americana na Universidade de Maryland, College Park, durante uma década (1984-1994) dirigiu uma série de conferências internacionais sobre “La represión de la cultura y su reconstrucción en el Cono Sur” [“A repressão da cultura e sua reconstrução no Cone Sul”], que deram lugar a 5 volumes publicados em Buenos Aires, Montevidéu, São Paulo, Santiago e Assunção. Em 1995, lançou o projeto “Una cultura para la democracia en América Latina” [“Uma cultura para a democracia na América Latina”] que gerou seminários e publicações na Argentina e no Brasil. Professor visitante em vários países, recebeu distinções de diversas instituições acadêmicas.

Suas publicações mais recentes incluem Rugido que toda palabra encubre (2017, poesia) e os romances Decir Berlín, decir Buenos Aires (2020) e O país que agora chamavam de seu (2021), editados em um volume como Estación del encuentro (2023).

Em 1972, fundou e desde então dirige a prestigiosa revista de literatura, Hispamérica, que recentemente celebrou seus primeiros 50 anos de publicação ininterrupta.

Autor(a) Saúl Sosnowski
Posfácio Ana Cecilia Olmos
Tradutor(a) Maria Paula Gurgel Ribeiro
Nº de páginas 128
ISBN 978-65-5519-216-2
Altura 13,5x20,5 cm

Avaliações (0 comentários)

Escreva um comentário

Nota: HTML não suportado.
   Ruim           Bom

Produtos relacionados

Saúl Sosnowski Maria Paula Gurgel Ribeiro Ana Cecilia Olmos romance argentino judaísmo iídiche imigração história língua 2⁰ guerra mundial
  • R$ 69,00
Em até 3x sem juros
Comprar
Iluminuras © 2024 - CNPJ 58.122.318/0001-25