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Encontram-se neste pequeno volume, textos sobre língua e literatura. Sobre história, esquecimentos.
Joaquim Brasil Fontes nos fala do que herdamos - dos gregos, dos latinos, da codificação medieval dos saberes -, com relação a linguagem e ao ensino, enquanto práticas socialmente "inventadas".
Com ele, nos damos conta dos riscos de minimizar a tradição. Com ele, percebemos o que nos "sobra" desse antigo saber nos manuais didáticos e podemos questionar os modos de trabalhar a linguagem na instituição escola.
O autor enreda o leitor na indagação-suspeita. Desconfiado dos métodos, faz da narrativa sua prática e convida à reflexão sobre a arte e a (im) possível propriedade -posse, pertinência - da palavra.
Sedução/suspeita.
É a tensão que caracteriza a relação com o conhecimento.
Ana Luíza B. Smolka
Reúnem-se neste volume quatro reflexões do autor que entre Os anos de 82/87 ganharam uma primeira versão escrita e as páginas de dois importantes periódicos nacionais da área de educação: a Revista Educação e Sociedade do Centro de Estudos "Educação e Sociedade" e a Revista Leitura: Teoria e Prática da Associação de Leitura do Brasil.
Estes periódicos nasceram entre o término dos anos 70, início da década de 80 com um duplo compromisso: o debate das relações entre sociedade-educação e leitura-sociedade e a formação de um público leitor entre professores e alunos do ensino superior, e também entre professores do ensino fundamental e médio, facilitando-lhes o acesso a uma produção acadêmica, que então começava a ser mais significativa com o crescimento da pós-graduação no país.
Ao longo de toda a década tais periódicos convocaram e divulgaram textos que, interrogando ideias, práticas, políticas e campos teóricos diversos, tiveram expressiva participação na configuração de novas perspectivas para a educação e o ensino da língua, da leitura e da literatura.
Os textos de Joaquim Brasil Fontes integraram em seu primeiro tempo e em seus ambientes discursivos de origem uma rede de conversas em torno do ensino de leitura mais especificamente da literatura, que se revelou animada, povoada de controvérsias, esquecimentos, desentendimentos e argumentos. Por isso mesmo uma conversa fértil e produtiva.
Em "Gramática, Texto e Retórica" o autor foi em busca das origens do que viria a ser a disciplina escolar hoje denominada Língua Portuguesa, dialogando com alguns fatos históricos e com os pensamentos clássico e medieval, nos quais buscaram inspiração os padres jesuítas, primeiros educadores entre nós brasileiros da/na Colônia.
Em “As Obrigatórias Metáforas” e “A Boa Comunicação", o professor questiona os manuais didáticos de língua e literatura, chamando a atenção dos leitores para os problemas no trato com as figuras de linguagem e para as complicadas apropriações que os manuais em seu conjunto realizam das matrizes teóricas nas quais procuram ancoragem. Já em "O Prazer de Texto", toca na discussão que correu solta pela década: a do prazer de ler.
Agora, nesta espécie de segundo tempo, com pequenos reparos do autor e dispostas lado a lado num único volume, essas reflexões se oferecem ao leitor enlaçadas, um assunto contaminando o outro, contaminado pelo outro, uma posição ou uma referência esclarecendo se em/com outra, numa espécie de cadeia de duração mais longa, com intervalos, para o trabalho de significação dos leitores.
Segundo texto? Segunda leitura? Certamente. A leitura é sempre um tempo do presente em que os sentidos se refazem, refazendo toda a rede da conversa.
Lilian Lopes Martin da Silva
Nascido em Minas Gerais, Joaquim Brasil Fontes é doutor em Letras Modernas, com tese sobre Lautréamont.
Tradutor para o português dos fragmentos remanescentes da lírica de Safo (Variações sobre a Lírica de Safo. Estação Liberdade) publicou também um ensaio sobre a poética de Safo (Eros, Tecelão de Mitos, Estação Liberdade) e uma ficção (A Musa Adolescente, Iluminuras).
É professor titular da cadeira de Leitura e Produção de Textos na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).