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que amor mais escuro
choram árvores da noite
galhos contra muros
a saudade trama triste
três mil anos num segundo
Sorte minha que recebo essa poesia de primeira linha, em primeira mão. Nada acontecendo e, de repente, tankas. A primeira das poesias breves, no Japão.
No começo de tudo, Izanami e Izanagui, casal de deuses primordiais, também conhecidos como "aqueles que seduzem", que, ao se encontrarem pela primeira vez, disseram cinco versos num total de 31 sílabas. Esta passou a ser a forma da poesia do país de Wa, nome do Japão para os chineses, e por isso chamada waka. Ou tanka, quando outras formas poéticas surgiram, como o haicai, que é, na verdade, o primeiro terceto do tanka.
Tanka, portanto, é o pai do haicai, além de ser a forma escolhida pelos pais da humanidade para seduzir um ao outro.
Já o Bueno, não sei como arranja tempo para ser tantas coisas. Primeiro foi o Bolero's Bar, contos com sabor de blues. Súbito, os bichos-poesia de Manual de Zoofilia. Depois, uma novela Mar Paraguayo, em ritmo de guarânia para ser tocada/lida no ano 2000. Recentemente, o romance Cristal. Enquanto isso, e sempre, a poesia.
Agora, vem à tona do velho tanque de Bashô, com esses tankas saborosos. Mais uma vez pesquisando na antiguidade o que ela pode oferecer de mais moderno, mais uma vez lançando a tradição para o futuro.
E sempre numa nova linguagem, com humor, para nos livrar da solenidade das coisas; com amor, para que estejamos mais próximos delas.
Bueno é um tradutor de tradições para a linguagem da contemporaneidade.
Não importa em que língua. E é isso que um poeta deve ser. Não importa se em prosa ou em verso.
Quanto ao tanka, me conformo a apenas falar de suas origens, já que, depois de ler os que aqui estão, desse pequeno tratado de brinquedos, não precisa dizer mais nada.
Alice Ruiz S.
Wilson Bueno (Jaguapitā/PR, 1949) é autor de Bolero's Bar (Criar Edições, 1986), Manual de Zoofilia (Noa Noa, 1991), Ojos de Agua (El Territorio, 1991), Mar Paraguayo (lluminuras, 1992) e Cristal (Siciliano, 1995). Criou e dirigiu por oito anos o jornal de cultura Nicolau, conquistando para o tabloide quatro prêmios nacionais e um internacional.