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Victor Segalen (1878-1919), etnógrafo, arqueólogo e linguista francês, é autor de uma obra múltipla, em que se incluem romances, poemas em versos e em prosa, contos, ensaios e uma vasta correspondência. Apaixonado pela cultura e pela arte chinesas, a elas dedica alguns livros, entre os quais Pinturas (1916), que a Iluminuras apresenta agora aos leitores brasileiros em tradução inédita para a língua portuguesa.
Tomando como ponto de partida a pintura chinesa, Segalen reúne nesse livro fragmentos de prosa poética que interrogam a essência subjetiva do olhar e sondam o visível não compartilhável. Eliminando as ilustrações como suporte ― a coletânea não contém nenhuma reprodução pictórica ― Segalen executa pinturas plenamente literárias, atuando em mais de um ato tradutório: transformando a pintura em prosa poética; a história em poesia; e a essência da cultura chinesa em quadros poéticos linguísticos. Trata-se de uma coletânea sui generis, a meio caminho entre a prosa e a prosa poética, que se inscreve de modo muito particular no diálogo multissecular entre a arte pictórica e a poética, de que a literatura ocidental conta muitos exemplos. Entretanto, se é verdade que esses textos falam de pinturas, apresentando-se à primeira vista como uma sequência de “descrições” de obras chinesas, por outro lado propõem um espetáculo, um desfile. O autor, aliás, logo avisa o leitor ― ou melhor dizendo, o espectador ― que esse conjunto de textos não é um livro, mas um dito, um apelo, uma evocação, um espetáculo. Essas Pinturas são provocantes devaneios linguageiros, exercícios encantatórios para a imaginação. De modo geral, tudo, nas estratégias retóricas empregadas por Victor Segalen, converge para a ideia de que, em Pinturas, dá-se em exibição, na verdade, um espetáculo pintado graças à magia do verbo. Seu protagonista é a própria linguagem. O estilo do autor, marcado por uma pontuação atípica, pela presença de alguns neologismos, pelo uso de vocativos e dêiticos e por torneios linguísticos incomuns provocam um sentimento de estranheza que se buscou manter na tradução.