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O autor deste livro, o alemão Wilhelm Busch, viveu entre 1832 e 1908. Tentou ser engenheiro por desejo da família, e para desilusão dela foi cursar artes, mas também não se reconheceu como discípulo dos mestres pintores da Holanda, onde estudou. Quando morreu tinha cerca de mil óleos pintados, mas nenhum vendido. Nesse meio-tempo, já havia publicado dezenas de livros, era famoso caricaturista e ilustrador, mas nada do que fez se compara à repercussão de Max und Moritz – nosso Juca e Chico. Muitos dizem que àquela época, em 1865, o livro antecipava o espírito e a forma das histórias em quadrinhos. Tudo leva a crer. O fato é que, de lá pra cá, com êxito editorial semelhante ao que experimentou João Felpudo no mundo, Juca e Chico já foi traduzido para cerca de duzentos idiomas, inclusive o português – em 1915, por Olavo Bilac. Foi dele a ideia de batizar os dois capetas alemães de Juca e Chico, transformando-os em brasileirinhos como alguns fomos e somos, para desespero de alguns pais...
Também se diz que Juca e Chico é uma crítica mordaz à burguesia da época (e de sempre), com farpas lançadas ao mundinho dos professores, profissionais liberais e até dos camponeses (classe social significativa na Alemanha do século XIX). Dá pra acreditar nisso também. As atrocidades praticadas pelos dois meninos nos despertam certos sentimentos de vingança, antes indolentes.
Mas a mais pura verdade é que Juca e Chico se lê como uma grande diversão que atesta o talento de Busch tanto para as artes como para as letras. Torcemos pelos endiabrados meninos e lamentamos a falta que eles farão àquela monótona aldeia depois que o destino lhes prega uma peça (não vou contar o final).
Este livro é um perfeito exemplo da prática satírica alemã de quase 150 anos atrás. E como continuamos rindo até agora! Dificilmente alguém encontrará dois capetas de tal calibre na literatura infantojuvenil de todos os tempos.
Bom divertimento!
Claudia Cavalcanti